Sabemos que Francisco Lopes era pintor e que era morador na Rua do Raimundo.
O único registo que conhecemos deste artista é o seu testamento, um documento extraordinário, embora não tenhamos chegado a saber o nome de sua mulher e do seu filho, a quem deixou todos os seus bens.
A semelhança dos nomes e a proximidade das datas geraram alguma confusão entre este pintor e Francisco Lopes Mendes que também trabalhava na cidade de Évora. A descoberta do testamento de ambos veio esclarecer que se tratavam de pessoas distintas pois Lopes Mendes era morador na Rua do Infantes, era casado com Jerónima Ribeira, pai de Matias Lopes, e faleceu no dia 12 de janeiro de 1721. Francisco Lopes, como já referimos era morador na rua do Raimundo e faleceu acabando a dúvida por ficar esclarecida.
O seu testamento contém informações importantes, como a existência de uma praça de tintas em Évora, o nome do mercador de tintas o próprio é o autor das pinturas da Igreja de S. Vicente do Pigeiro, uma freguesia rural perto de Reguengos de Monsaraz.
Francisco Lopes encontrava - se seriamente doente quando mandou fazer o testamento e por isso a obra seria terminada pelo seu filho, com quem o vigário finalizaria as contas. São também descritas as quantias acordadas para a obra do Pigeiro, assim como alguns aspetos do quotidiano do pintor.
O documento permite datar as pinturas do Pigeiro do ano de 1723. Um pormenor curioso é que Francisco Lopes devia dinheiro ao secretário da Universidade 2.500 réis; podemos pensar na possibilidade do pintor ter efetuado alguma obra para aquela instituição.
Foi o autor das pinturas de S. Vicente do Pigeiro, que também se podem datar do ano de 1723.
Pintura a Fresco; Testamento; Pigeiro; Praça de Tintas; Brutesco; Rua do Raimundo.
ADE,COLTEST, Cx. 21, nº 44. Documento inédito, revelado pelo PRIM'Art.